segunda-feira, 19 de julho de 2010

Lavando a alma



Não sei o que há com essa gente que não chora. Meninos que não choram e meninas que só choram na tensão pré-menstrual. Não é possível que não sintam. Não é possível que não dói. Não é possível que não sejam tomados por uma alegria sem fim, daquelas em que rir apenas não basta. Nem que tenham se vestido de uma armadura invencível, inatingível e inabalável, que não se permitam ter os olhos marejados.

Houve uma época em que eu achava que bom era ser essa gente que não chora à toa. Queria era me esconder por trás de uma cara amarrada e um coração de pedra. E não ser chamada de manteiga derretida por chorar até em comercial de margarina. Nos últimos tempos, até deixei que as lágrimas secassem e descobri que não chorar só faz aumentar a dor e deixa contidas felicidades extremas.

É por isso que vivo por aí chorando pitangas, alegrias, tristezas, raivas, medos, emoções alheias, coisas minhas, saudades eternas, frustrações prévias, sucessos passados, vitórias imediatas, amores inventados e desamores reais.

Prefiro desatar o nó da garganta e lavar a alma.

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